Quando queremos fixar as coisas e definí-las, elas já não consistem no que eram um momento antes...
Para conhecer algo não é preciso retirar-lhe o movimento, como muitas vezes queremos fazer ...compreender a natureza não significa estagná-la. Matamos seres vivos apenas para dissecá-los e, com isso, conhecê-los...
Devemos observar a natureza e todos os seres "em movimento". E, enquanto observamos, também nos movimentamos. Não nos banhamos no mesmo rio duas vezes, pois as águas do rio já não são mais as mesmas, nós não somos os mesmos, não é possível tocar duas vezes o mesmo ser.
Não precisamos vencer os opostos para nos afirmar; nem sequer precisamos de auto-afirmação, pois se afirmamos, podemos negar a seguir. O que vimos num momento anterior, já não vemos agora, nem veremos mais adiante. Tudo se move e se transforma o tempo inteiro.
A harmonia necessária para o movimento da vida provém da consciência sobre a mutabilidade incessante do Universo. Fundamental a compreensão do eterno fluir (movimento - DEVIR) para que possamos ter um conhecimento da totalidade "pois uma só é a (coisa) sábia, possuir o conhecimento que tudo dirige através de tudo"...
Porém, o saber da totalidade exercido por pressão confisca nossa autonomia de pensamento. A unidade mora na harmonia oculta das forças opostas, da "natureza que ama esconder-se".
Não é escolher entre um caminho e outro, mas de encontrar a unidade na tensão dos opostos.
Opostos custumam ser rivalizados. Dificilmente aceitamos possibilidade de harmonia entre eles; é como se fosse uma obrigatoriedade vencer o oposto para afirmar aquilo que somos. "Não compreendem como o divergente consigo mesmo concorda; harmonia de tensões contrárias, como de arco e lira". Necessitamos de opostos; ele é parte constituinte de nós, não como negação, mas como possibilidade.
Somos e não somos, e isso não é um problema, é apenas nossa natureza, É homeostase, balanço, equilíbrio; é o meio entre os opostos e existe tensão. "O pensar é a maior virtude, e é sabedoria dizer a verdade e agir de acordo com a natureza compreendendo-a". A única realidade possível é o devir, a mudança devida à unidade da tensão entre opostos.
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